Numa escapadela rápida para tomar um refresco antes do “Trafaria Praia” zarpar, encontrei o Giovanni na exposição “My Radiant Island”, de Orna Elstein, uma artista Israelita de Tel Aviv.
A abordagem ao Giovanni foi feita em Inglês mas a conversa, surpreendentemente, terminou em Português.
Para além da participação de Pedro Cabrita Reis com um espaço paralelo à Bienal de Veneza, a representação Portuguesa na 55ª edição é feita através do Trafaria Praia, o cacilheiro que Joana Vasconcelos recuperou e que se encontra atracado perto da paragem de vaporetto dos Giardini.
Ao trazer este cacilheiro que havia sido desactivado em 2011, a artista procurou fazer uma alegoria ao comércio tradicional entre Veneza e Lisboa, por via marítima, que se desenvolveu desde o Renascimento. A água, o transporte marítimo e a arte são três factores importantes a ligar Lisboa e Veneza.
Sobre o cacilheiro, destaco o painel de azulejos azuis e brancos (tão tradicionalmente Portugueses) que reveste o exterior, da proa à popa. Belíssimo!
O convés do navio tem a marca inconfundível da artista através de crochets em algodão e lã, uns suspensos outros pousados, alguns tecidos à mistura, tudo bem iluminado com efeitos extraordinários de pequenas luzes, numa harmonia tranquila e pouco convencional.
Considero que a representação portuguesa nesta edição da Bienal de Veneza é extraordinária: Joana Vasconcelos conseguiu um pavilhão único, amovível e, portanto, a destacar-se de todas as outras representações.
Foi um orgulho ouvir fado a bordo do Trafaria Praia, sentir o pulsar português num agradável passeio que o cacilheiro faz diariamente.
A Nathalie trabalha no Pavilhão Britânico da Bienal de Veneza.
Encontrei-a a ler e quando lhe pedi para a fotografar respondeu rindo, divertida, “Well, I’m not supposed to read here but OK”. Disse-lhe que além de publicar no Numa de Letra não contava a ninguém...
Um dos pontos altos não só de Veneza mas também dos sítios por onde passei nas últimas férias foi, sem dúvida, a Bienal de Veneza.
As expectativas antes de viajar eram altas e a visita não as defraudou, pelo contrário, deixou uma forte marca positiva nas memórias destas férias.
De dois em dois anos Veneza torna-se a capital mundial de Arte, acolhendo “a nata” dos melhores artistas de Arte Contemporânea do mundo, nessa que é a mais antiga e bonita exposição internacional de Arte, espalhando-se por vários pontos da cidade, interagindo com ela. Este ano, teve início a 1 de Junho e vai-se prolongar até 24 de Novembro.
Saindo do vaporetto na paragem do “Giardini”, comprei bilhete para passar um dia nas exposições do “Giardini” e outro nas do “Arsenale”. Aí está Il Palazzo Enciclopedico, um museu com artistas de todo o mundo e exposições em pavilhões de vários países, cada um com os seu próprio curador. Este ano há 88 participantes, 10 dos quais estreando-se nesta exposição. A cada nova edição há mais países a pedirem para serem convidados.
Fiquei orgulhosa com a representação de Portugal, em que destaco Pedro Cabrita Reis com “A Remote Whisper”, um pavilhão colateral à Bienal e do tão conhecido cacilheiro de Joana Vasconcelos “Trafaria Praia” que destacarei num próximo post.
De tanto se ouvir falar sobre Veneza, há a sensação de já lá se ter ido, de se conhecer a cidade. Era o que se passava comigo; agora, depois de por lá ter passado, digo que não é bem assim. Os relatos e as fotografias não nos transmitem os sons, os aromas, o ambiente... e Veneza tem um charme muito próprio, aguça-nos os sentidos: a visão a 3D, o contacto com os autóctones, os cheiros, os sons (o ruído da água é permanente) e o prazer da boa comida italiana.
Sim, Veneza é uma cidade romântica, cheia de canais e ruelas estreitas, onde os turistas de todo o mundo circulam, sem pressa. Foram 4 dias inesquecíveis, incomparáveis.
Se estive na Praça de S. Marco? Claro e comi um gelado, divertida e distraída com tanta gente. Andei de gôndola? Sim, atravessei o Grande Canal, uma vez de gôndola, várias de vaporetto (os autocarros aquáticos de Veneza). Se fui a Murano? Obviamente que sim, entrei numa fábrica e vi ser fabricada uma peça em vidro. Também comprei um "ricordo", como manda a praxe.
Visitei basílicas, das quais destaco "Santa Maria della Salute" e fui ao "Il Ghetto", onde a comunidade judaica se junta para fazer as suas orações.
Vi tudo isso e gostei muito.
Depois, a "Bienal de Veneza", ponto alto das minhas férias em Itália. Há tanto para mostrar, que sobre este evento falarei no próximo post. A não perder....
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite