“A Desumanização” foi o quarto livro que li de Valter Hugo Mãe.
A história passa-se na Islândia, esse sítio longínquo e tão desconhecido do resto do mundo e a personagem principal e simultaneamente narradora é Halla, uma menina de 13 anos que conta o que sobra, depois de perder a irmã gémea. Sente-se, por isso mesmo, a “menos morta”.
Em casa, o pai é o seu único aliado, um amante da poesia, homem sensível que gosta de brincar com as palavras. Pelo contrário, a mãe é má e constantemente fá-la sentir-se culpada por continuar a existir.
É um livro de profunda delicadeza em que, embora a tristeza esteja quase sempre presente, não impede um constante deslumbramento do belo. Um livro pictórico; um livro de ver. Fica-se preso, quer pela beleza da leitura, quer pela escrita, quer pela poesia que este livro de prosa abarca.
Tem o que se chama em linguagem literária o grotesco, mas tem ainda o outro lado, o sublime.
Dos escritores portugueses contemporâneos, admito que tenho um fraquinho pela escrita de Valter Hugo Mãe. Em “A Desumanização”, encontrei algo diferente dos três anteriores. Foi o primeiro livro da fase pós minúsculas e achei-o num tom mais sério. Foi também, de longe o mais eclético.
“Este livro pretende mostrar o que há de gente em nós” - é o recado que Valter Hugo Mãe deixou, numa sessão dedicada a este livro.
Quando li esta passagem de “Os Anos”, lembrei-me de “o apocalipse dos trabalhadores”. Não que a escrita e a narrativa tenham algo a ver... Não, de todo, mas porque os livros têm o poder de deixar boas recordações e, de repente, associamos episódios de escritas que, à partida, são completamente distintas.
Há personagens marcantes. Por exemplo: em Crosby, de Virginia woolf, vi maria da graça, de Valter Hugo Mãe.
“Os Anos”, de Virginia Woolf “o apocalipse dos trabalhadores”, de Valter Hugo Mãe
Interessante, não?
Salvaguardando, claro!, as devidas distâncias temporais e o "peso" de cada um dos escritores.
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