Sexta-feira, 19.07.13

 

 

Há cerca de um ano, quando aqui escrevi sobre “Catedral” tive comentários tão interessantes e tantas abordagens ao livro “O Que Sabemos do Amor” de Raymond Carver, que ficou uma vontade, quase promessa pessoal, de que o teria de ler num futuro próximo.

Foi o que fiz, numa altura em que o tempo disponível é escasso e a cabeça pede férias.

 

“O Que Sabemos do Amor” é a versão integral do livro “De Que Falamos Quando Falamos de Amor”, facto explicado em detalhe no início e nas Notas finais de “O Que Sabemos do Amor” (aqui, em cada um dos 17 contos, podemos ver o muito que Gordon Lish cortou na versão por si editada, chegando até, em dois casos, aos 78%).

 

Apesar de serem contos e de cada um ter a sua história, todos têm algo em comum: passam-se nos Estados Unidos, falam de relações humanas, de sentimentos e há uma forte abordagem ao alcoolismo e ao acto de beber. Carver explora o assunto da bebida como ainda não li em nenhum outro autor, colocando-o no mesmo patamar de importância que a trama, propriamente dita. A bebida, o gelo, o copo, cada dose que é servida e tomada, tudo é pormenorizadamente descrito. Ao ponto de, no conto “Principiantes” (como o título original deste livro “Beginners”), numa conversa entre quatro amigos com muito gin tónico à mistura, percebermos a transição do estado de sobriedade para um grau de alcoolemia através do diálogo difuso, repetido e até enfadonho, com quebras de raciocínio e mudanças bruscas do estado de humor.

 

Devo admitir que esta segunda experiência na literatura de Raymond Carver me marcou mais do que a primeira. Houve contos que me prenderam até à última página apesar de um ou outro me deixar com sabor amargo e sem respostas para as questões levantadas, depois de lidas tantas páginas.

O balanço é positivo e, como escritor de contos, Raymond Carver está aprovado.

Pena que nunca tenha ensaiado escrever um romance, porque certamente o faria muito bem (isso é o que eu penso, claro).

 

 
 


publicado por numadeletra às 20:08 | Link do post | Comentar | Ver comentários (8) | Adicionar aos favoritos (1)

Segunda-feira, 30.07.12
Catedral - Raymond Carver.jpg
 
Há talvez 4 ou 5 anos, num caderno que me acompanha para quase todo o lado, escrevi: Raymond Carver, um dos autores preferidos de Murakami.

Já não sei dizer em que livro de H.M. é que fui buscar tal informação, mas lembro-me que na altura, vasculhei um ou dois sites de conhecidos livreiros e não encontrei nenhum livro deste autor americano, editado em português.

 

Foi na badana de “O Sentido do Fim” de Julian Barnes, que descobri finalmente, dois títulos traduzidos de Raymond Carver. Na última Feira do Livro do Porto, comprei-os.

“O Que Sabemos Do Amor” eu sabia que era uma compilação de contos, género literário que não aprecio particularmente; "Catedral” era uma incógnita, mas decidi arriscar.

 

Recentemente comecei a lê-lo. Gostei do que pensei ser o 1º capítulo e até guardei expectativas favoráveis sobre o livro.

Quando li o 2º e verifiquei que não tinha qualquer ligação com o 1º, estranhei, mas alimentei uma pequena esperança de que se tratasse apenas de uma característica que estou habituada a ver nalguns livros de Murakami e que muito me agrada: duas histórias, aparentemente diferentes, contadas alternadamente entre capítulos.

 

Ao chegar ao 3º capítulo, concluí que tinha nas mãos um livro de contos e fiquei desiludida. Para digerir essa desilusão recorri a Gabriel García Márquez, em “O Veneno da Madrugada”, que passou a ser a minha leitura principal.

 

Regressei a “Catedral”, titulo do livro e também nome do 12º e último conto desta compilação.

O que ficou? Está muito bem escrito e os contos são criativos e diversificados. A maioria destas pequenas narrativas é como se ensinasse uma lição mas também há algumas que deixam uma sensação de final brusco, como se faltasse acrescentar algo...

São histórias sobre coisas do quotidiano: o divórcio, o alcoolismo, a perda de um filho...

 

Achei curiosa a pequena referência ao “Coronel Sanders”, emblemática personagem da cadeia de fast food "KFC”, mas também de “Kafka à Beira-Mar”.

Muitas vezes questiono como é que Murakami se lembra de tão mirabolantes personagens, cenários e contextos. O Coronel Sanders talvez tenha sido inspirado em Raymond Carver?! Não sei.

O que sei é que Murakami me continua a surpreender, mesmo quando escreve contos. Raymond Carver, nem por isso.

 

 



publicado por numadeletra às 18:57 | Link do post | Comentar | Ver comentários (12) | Adicionar aos favoritos


mais sobre mim
numadeletra@gmail.com
numadeletra@sapo.pt
Maio 2018
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
21
22
24
25
26

27
28
29
30
31


“O Que Sabemos do Amor”, ...

“Catedral”, de Raymond Ca...

Maio 2018

Maio 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Olá. Cheguei a teu blog pelo do velho Guima, na di...
Parabéns pelo BLOG....Sucesso
Parabéns pelo regresso. Também pela evocação de Ph...
Parabéns pelo 5º aniversário :)Deste autor, ainda ...
Tampouco gostei. Achei enfadonho e foi com dificu...
Mesmo sem ser um fã de Murakami, a verdade é que e...
Parabéns :|
O livro nunca esteve proibido em Portugal.
Gostaríamos de oferecer gratuitamente 60€ em publi...
Que frase extraordinária, adorei!Um bom ano para t...
tags

1q84

2012

2013

2014

2015

2016

39 em 1

55ª exposição internacional de arte

acordo ortográfico

aeroporto

afonso cruz

agradecimento

animais

aniversário

ano novo

antónio

antónio alçada baptista

arte

as leituras dos outros

barcelona

bienal de veneza

boas festas

bom fim-de-semana

bruxelas

caricatura

caricaturista

cascais

catarina ou o sabor da maçã

cinema

coldplay

concertos

david bowie

debaixo de algum céu

dia do animal

dia mundial da criança

dia mundial da música

dia mundial do livro

estádio do dragão

fantasporto

feira do livro

feira do livro do porto

férias

florença

foz do douro

funchal

gabriel garcía márquez

galerias de arte

haruki murakami

inaugurações simultâneas

israel

itália

jorge luis borges

josé eduardo agualusa

josé saramago

julião sarmento

la biennale di venezia

lisboa

livraria galeria papa-livros

livraria galileu

livrarias

livros

londres

luis sepúlveda

madeon

mensagens

metro

miguel torga

murais

museu nacional soares dos reis

museu soares dos reis

música

naftali bezem

natal

noites brancas

nuno camarneiro

ondjaki

os anos

os transparentes

paris

pavilhão grã-bretanha

philip roth

poesia

porto

primavera

projecto arte de portas abertas

provérbios

quantas madrugadas tem a noite

quarteirão miguel bombarda

raymond carver

rua

s. joão

serralves

soho

tel aviv museum of art

teolinda gersão

the national gallery

truman capote

valter hugo mãe

veneza

viagens

todas as tags

blogs SAPO
subscrever feeds