“O Teu Rosto Será o Último”, de João Ricardo Pedro, suscitou-me uma espécie de desassossego, desde que fiquei a saber da sua existência. Um desassossego com tudo o que de positivo a palavra contém. Um misto de ânsia e curiosidade em descobri-lo.
As críticas favoráveis de fontes próximas, fidedignas, deram o mote para o interesse despertar. Depois foi a história em torno do escritor: o Engenheiro Electrotécnico a quem o destino decidiu mostrar que um despedimento nem sempre é sinónimo de agrura e a determinação e o trabalho podem trazer boas contrapartidas.
Estava o desassossego instalado. Tinha de confirmar estas premissas.
Na véspera do último dia da Feira do Livro, lá vou, então, rumo a uma das muitas bancas onde este livro se podia encontrar em destaque.
No trajecto cruzei o olhar com o “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, e a irrefutável analogia fez-me sorrir (mal eu sabia que o meu desassossego por “O Teu Rosto Será o Último” não terminaria quando o começasse a ler).
Na 4ª Feira da última semana, ainda em estado de enamoramento por “Breakfast at Tiffany’s (Boneca de Luxo)”, de Truman Capote, chegou a oportunidade de, finalmente, abrir as hostilidades e ler o primeiro capítulo de “O Teu Rosto Será o Último”.
No dia seguinte li outros quatro, mais dos que o tempo livre me permitia. Apaguei a luz a contra-gosto, por causa desse 4º capítulo que teimei em ler, convencendo-me, interiormente, que seria “só mais um…”.
A partir daqui foi um desassossego constante: sempre a suspirar pela hora da leitura, por mais um capítulo, por mais uma descoberta, por ler sem parar.
O “só mais um…” tornou-se um mantra que só deixei de evocar no Domingo à tarde, quando cheguei ao fim.
Este livro bem português fala de várias idiossincrasias. Da guerra, da música, da pintura, da família...
Várias histórias dentro da mesma história, pedaços cronologicamente distintos e aparentemente díspares mas que se encaixam, só é preciso continuar a leitura e esperar que comece a fazer sentido.
Cada capítulo tem um final surpreendente, inquietante. Nalguns fiquei quase boquiaberta, em sobressalto, tamanho foi o horror ou a surpresa revelados.
Um livro que apaixonou tantos portugueses e que, desde a sua 1ª edição em Março do corrente ano, até agora, já conta com 6 edições e mais de 25000 exemplares vendidos.
O livro que também me apaixonou.
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite