Este livro acompanhou-me numa fase de pouco tempo livre para a leitura, contudo a escrita e a história são tão interessantes, que me prenderam em cada momento.
Joan Castleman tem sessenta e poucos anos e um longo casamento com Joe Castleman, o suposto herói do livro. Tiveram 3 filhos.
Numa viagem do casal para Helsínquia, onde Joe vai receber o prémio literário por que sempre ansiou, Joan, a narradora desta história, vai mentalmente reflectir sobre a vida em conjunto, o vazio da sua própria existência e o abandono a que os filhos foram sujeitos enquanto cresceram, porque o sentido de toda aquela família era o talento e o sucesso de Joe.
Nas entrelinhas, ficamos a saber que o “brilho” dele era mais ou menos aparente, Joan esteve sempre silenciosamente por trás… e fartou-se disso!
Quase meio ano depois de ter acabado a leitura, quando a relembro, fico com uma agradável sensação: bem escrito, é um livro que recomendo, sem dúvida (cuidado porque vicia).
Passou muito tempo desde que terminei a leitura deste livro e mais tempo ainda sem vir ao blog.
Perdoem-me os amigos, os seguidores e até as visitas ocasionais, mas continuo sem tempo para “blogar”, devido a um projecto importante que tenho em mãos. Prometo regressar o mais brevemente possível, nem que seja apenas esporadicamente (espero que não desistam do Numa de Letra!).
Bom, sobre o livro “A Morte de Ivan Ilitch”, é uma narrativa marcante e interessante, um clássico que me agradou bastante, sem provocar deslumbramento.
Fala da vida e da morte, da essência do ser humano e dessa tendência intrínseca para ver e adaptar a realidade em função da sua própria condição. Do egoísmo e do egocentrismo, das expectativas e perspectivas tantas vezes criadas e goradas pelo destino ou pela má sorte. De como nesta vida tudo é efémero e passageiro...
Esta narrativa é como uma curva de Gauss: começa com o declínio – o funeral de Ivan Ilitch –, depois há um retrocesso no tempo e é-nos contada a vida do “herói” do livro, desde os tempos áureos da infância e juventude, passando pelo casamento de conveniência e consequente rotina tanto com a mulher como com os filhos, numa vida pautada pela ausência de paixão ou grandes afectos. Um emprego sem sobressaltos, tudo a conduzir para uma realidade pouco optimista que rapidamente passa a tédio e desânimo. Por fim a doença, que leva a um sofrimento exponencial e finalmente, a morte.
A quem gosta de clássicos e de ler sobre a condição humana, aconselho vivamente este pequeno livro.
Prometo manter-me “in touch”, por favor vão visitando o blog!
“O Triunfo dos Porcos” é a história que relata a revolta dos animais de uma quinta com a consequente expulsão do seu proprietário o Sr. Jones. A partir de um motim organizado por Major, o porco mais antigo e experiente, os animais organizam-se e apoderam-se da quinta.
O objectivo é tornarem-se livres e trabalharem menos mas, com o tempo, a realidade mostra-se outra. É formada uma hierarquia com os porcos no topo da pirâmide e, no píncaro, Napoleão, o líder mor que rapidamente se revela tirano e austero, implacável!
Os animais sentem-se livres por não serem os humanos a liderá-los apesar de trabalharem mais, terem menos comida, passarem por dificuldades extremas e serem enganados pelas chefias. É que elas alteram constantemente as leis a seu bel prazer, defendendo apenas os seus interesses pessoais. Ainda assim, o grupo de animais que simboliza o povo, aceita bem a situação e prefere a liderança não humana. Os porcos, esses, adquirem hábitos cada vez mais próximos dos seres humanos: vivem na casa outrora habitada pelo Sr. Jones, dormem em camas, sentam-se e comem à mesa, bebem cerveja e, (pasme-se!), um dia até começam a deslocar-se em 2 patas! Chegam mesmo a arranjar um advogado (um ser humano, claro está) e negoceiam com os humanos das quintas vizinhas.
“O Triunfo dos Porcos”, de George Orwell, foi publicado pela primeira vez em 1945 e tornou-se a fábula política do século XX. Em pleno século XXI a sua mensagem continua pertinente e actual. Se reflectirmos, não faltarão exemplos semelhantes aos da fábula.
Moral da história? Numa sociedade, a igualdade é quase sempre uma utopia.
Diz o ditado que “os homens não se medem aos palmos”, digo eu que também os livros não se avaliam pelo número de páginas. Isto a propósito de “Vinte e Quatro Horas da Vida de Uma Mulher” um romance tão pequeno que mais se assemelha, no tamanho, a um conto.
Apesar disso, tem tanto de marcante como de viciante… e “vício” é um substantivo bastante abordado neste romance, já que no cerne da trama está um jovem viciado no jogo.
Numa pequena pensão algures na Riviera uma mulher casada e mãe foge com um jovem que conhecera na véspera, agitando a família e dando origem a uma série de rumores entre os outros hóspedes.
Comentários e zunzuns díspares fazem com que Mrs. C. ganhe coragem e decida contar o que se passou nas 24h que agitaram a sua vida.
O narrador da história é um dos hóspedes, personagem bastante avant-garde.
Foi o primeiro livro que li de SZ, andava na estante do escritório há mais anos dos que eu tenho de vida, faz parte duma colecção de livros de bolso da Europa-América e valeu muito a pena escolhê-lo.
Narrador e personagem principal, Daniel é médico, pintor e faz “bonecos”, como lhes chama, para jornais e outras ilustrações.
É apaixonado por Bárbara mas é com Ângela que casa. Ângela é uma mulher culta, metódica e distante que gosta de planear a vida até ao ínfimo pormenor. Do casamento nascem dois filhos, Luc e Luz.
Este é o cerne do romance “Na Tua Face”, de Vergílio Ferreira mas o livro é muito mais... É a Arte, tão presente em quase todos os capítulos, a constante referência e alegoria ao belo, ao feio e, principalmente, ao grotesco. É um livro muito pictórico, facto que me agradou bastante. E a escrita? Ahh... a escrita de Vergílio Ferreira é fantástica, com passagens lindas a rasarem a poesia, trechos que apetece sorver e lograr, porque tocam a alma.
Sendo um dos últimos livros do autor, tem um cariz muito auto-biográfico.
Se fosse vivo, este ano Vergílio Ferreira completaria 100 anos. Em jeito de homenagem decidi voltar a ele e soube-me tão bem!
Oliver, o personagem principal deste romance, crecseu em Stilbourne, uma pequena cidade inglesa de poucos habitantes, todos eles curiosos das vidas uns dos outros e respectivos mexericos.
Fez as asneiras próprias de um adolescente, aprendeu Música e com ela descobriu o seu dom, para além de uma grande paixão por esta Arte. Apesar disso, levado pela sociedade e seus estereótipos, vai para a Universidade de Oxford estudar Química, optando por uma vida padronizada e assim fugindo ao que realmente o faz feliz.
Uma história passada nos anos 20 igual a tantas outras dos nossos dias, quase um século depois.
Um livro onde em muitos aspectos me revi, com passagens absolutamente marcantes que deixaram um forte eco por exprimirem tão bem a realidade de tantos “Oliver”.
Sir William Golding é um escritor inglês muito premiado, ganhou o Nobel da Literatura em 1983 e há quem diga que “A Pirâmide” é um romance quase auto-biográfico.
Adorei!!
Pertencer a um Clube de Leitura tem a vantagem de nos levar a títulos e autores que, se escolhessemos sozinhos, provavelmente não seriam opção. Foi o que me aconteceu com Lídia Jorge e “A Noite das Mulheres Cantoras”.
A narrativa começa na tal “noite das mulheres cantoras”, um reencontro de elementos de um grupo musical do final da década de 80 do século XX. Solange de Matos é a narradora e, a partir dessa noite, vai contar a história que começou há 21 anos, tinha ela então 19 e um dom natural para escrever letras de músicas.
Faço um parêntesis neste texto para dizer que, apesar das diferenças óbvias entre as duas bandas, durante a leitura deste livro lembrei-me recorrentemente das “Doce”.
Como passei a infância nos anos oitenta, esta é uma década que me toca particularmente, como aliás penso que acontecerá com a maioria das pessoas da minha geração. É bom recordar a época e os seus símbolos e foi talvez isso o que mais me cativou neste livro.
Aparentemente é uma narrativa simples com uma escrita fluída e acessível mas, no fundo, é um romance de grande densidade poética, uma parábola social muito actual.
Quem conhece a autora diz que este livro foge um pouco da sua tradicional linha de escrita. Não sei, esta foi a minha estreia em Lídia Jorge e confesso que gostei da experiência.
Fica a sugestão!
“A Nova Inteligência” é um livro de Gestão, interessantíssimo.
Li-o no início de 2015 e não o arrumei na estante dos livros lidos, porque o vou consultando regularmente.
Hoje deixo a minha opinião aqui no blog e desde já fico à espera dos comentários, expectante.
Se antigamente o hemisfério esquerdo do cérebro (o lado responsável pelas tarefas lógicas, lineares e analíticas) era o mais valorizado, hoje em dia o hemisfério direito (responsável pelas funções criativas e pelas partes social e empática) ganha protagonismo. A chave para o sucesso profissional está, assim, na combinação de ambos os hemisférios do cérebro, num pensamento holístico.
Na opinião de Daniel Pink são seis os pilares essenciais para se ser bem sucedido: Design, História, Sinfonia, Empatia, Diversão e Sentido. Cada um destes itens corresponde a um capítulo do livro, é desenvolvido com explicações e exemplos práticos, o que torna a leitura muito interessante.
Já agora, como estamos em início de novo ano, altura de redefinir projectos e resoluções, quem sabe esta sugestão interessantíssima virá a ajudar quem esteja a procurar dar uma sacudidela à sua vida. Há 1 ano atrás, foi para mim marcante e inspirador.
Deixo mais do que um excerto, oxalá agradem.
Há pouco mais de 1 ano publiquei aqui no blog um post sobre “Todos os Nomes”, o primeiro livro que li de Saramago. Ficou a promessa de voltar a este escritor. Faço-o agora, com “As Intermitências da Morte”.
Reencontrei uma narrativa envolvente e hilariante, onde desta vez a protagonista é a Morte – sim, sim, essa que é representada por um esqueleto e que se faz acompanhar por uma gadanha.
Tudo começa num 31 de Dezembro em que não há registo de óbitos. Os dias vão passando e a situação mantém-se: ninguém morre. A morte de humanos em Portugal, entenda-se. Quanto à restante fauna e à flora, tudo se passa normalmente.
No início é uma alegria generalizada (afinal a vida eterna existe!!) e há até quem comemore o facto colocando a bandeira de Portugal à janela (onde é que eu já vi isto?!...).
Contudo, com o passar do tempo, esta ausência de mortes faz agitar a sociedade, levando à desordem total, à falência de alguns, à sobrecarga de outros, ao lucro de uns tantos, enfim!, a um caos verdadeiramente insuportável.
Neste romance, onde novamente é abordada a condição humana, as palavras e o seu significado são várias vezes mencionados, havendo até interessantes aforismos ligados a elas. Cito alguns exemplos:
Não há nomes próprios nem regras gramaticais, apesar disso a escrita não perde interesse ou valor, até para os conservadores da Língua Portuguesa, como eu.
Foi bom regressar ao sr. José - o personagem principal de “Todos os Nomes” - e aos seus verbetes, numa passagem breve desta narrativa.
O tempo para o blog e para as leituras é que tem sido pouquíssimo...
Ler Saramago é cativante, é um prazer.
Clarice Lispector nasceu em 1920 na Ucrânia, filha de pais judeus. Em 1922, devido aos pogroms (ataques de violência em massa contra judeus), toda a família emigrou para o Brasil. Morreu em 1977.
O seu percurso esteve sempre ligado aos livros: primeiro, como leitora devota e aos 22 anos publicando o seu primeiro romance, “Perto do Coração Selvagem”.
Lançado em 1960, "Laços de Família" reúne 13 contos variados, histórias originais e muito gráficas. As descrições são tão perfeitas que conseguimos visualizar as cenas, com situações mais ou menos previsíveis, contudo pouco prováveis de nos acontecerem.
A mesa e as refeições, elementos simbólicos da família, são recorrentes entre estes contos.
Diz-se que há um paralelismo autobiográfico nesta compilação de histórias, o que faz sentido, se conhecermos algumas facetas da vida de CL e dos seus progenitores.
O prefácio é de Lídia Jorge que descreve o livro como "uma daquelas raras escritas da qual se sai diferente quando uma vez lá se entrou, como se ela mesma fosse e contivesse em si a oferta de uma revelação surpreendente e por vezes devastadora".
Por concordar com a apreciação de Lídia Jorge, mesmo não sendo grande adepta de contos, o que mais me cativou foi a criatividade que têm, a componente humana retratada e em 3 dos contos, a alusão a animais sempre com uma certa afectividade.
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite