Personagem principal de “A Peregrinação do Rapaz Sem Cor”, Tsukuru Tazaki é um amante de comboios e gosta de passar o tempo nas estações, a vê-los passar.
Tsukuru , Aka, Ao, Shiro e Kuro são 5 amigos inseparáveis e, exceptuando Tsukuru (o rapaz sem cor), todos têm em comum a particularidade dos seus nomes conterem uma cor: vermelho (akai), azul (aoi), branco (shiroi) e preto (kuroi).
Na adolescência, passavam grande parte do tempo livre juntos mas, no início dos estudos universitários, sem razão aparente e de um dia para o outro, o grupo passa a ignorar por completo Tsukuru Tazaki. Assim desaba a vida de Tsukuru que, de tão infeliz, nem se importava de morrer.
Já adulto, depois de concretizar o sonho de se tornar um engenheiro que projecta estações de caminhos-de-ferro e impulsionado pela namorada, Tsukuro parte em busca de respostas para o afastamento radical dos amigos, procurando e encontrando-se com cada um deles.
Sendo “A Peregrinação do Rapaz Sem Cor” um dos mais recentes títulos de Murakami (1ª edição portuguesa lançada em 2014), achei a escrita menos surrealista do que a dos livros anteriores mas, claro, o estilo inconfundível do autor lá está - as constantes referências musicais, a personagem solitária e a dicotomia entre o real e o imaginário, só para citar os mais evidentes.
No dia do 5º aniversário do Numa de Letra e após alguns meses de ausência, assinalo a data com o autor que foi o protagonista do primeiro post do blog... continua a ser um favorito!
A todos os que por aqui vão passando, um abraço de amizade.
Passaram quase dois anos desde que terminei o 2º volume da trilogia “1Q84” e muitos pormenores da história já estavam esquecidos. No entanto, durante a leitura do Livro 3, facilmente relembrei cada detalhe importante dos livros anteriores, porque sem dúvida Murakami teve esse propósito.
No livro 2 achei que o enredo evoluiu bastante, ao contrário deste 3º e último volume com várias passagens que considero repetidas logo, desnecessárias. Em contrapartida, há uma parte interessantíssima quando cada personagem descreve o seu ponto de vista face a uma situação comum a todos eles (fez-me lembrar “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera).
Em nenhum momento do livro me aborreci, ler Murakami é sempre um prazer.
Neste último volume há uma nova personagem a intercalar os capítulos dedicados a Aomane e a Tengo, personagens que acompanham a trilogia. É Ushikawa, um homem invulgar e enigmático que acrescenta algum mistério à trama.
O enredo centra-se em dois lados opositores: a Vanguarda (uma espécie de seita religiosa com hierarquia, regras e muito secretismo) e uma frente liderada por uma senhora milionária que apoia e protege mulheres vítimas de violência. Passa-se num sítio paralelo à realidade do ano 1984, chamado 1Q84, onde existem duas luas, um Povo Pequeno que constrói crisálidas de ar, uma mã e uma nina que representam a consciência e o alter-ego, entre outros traços sui-generis característicos da escrita única de Murakami.
O que liga tudo isto é uma história de amor. Na contracapa deste terceiro livro há um comentário do jornal alemão “Die Literarische Welt” que o descreve como ”Um verdadeiro Romeu e Julieta dos nossos tempos”. A verdade é que tal descrição começa a fazer mais sentido nos 3 últimos capítulos do romance.
Ainda que prefira o Haruki Murakami de “Kafka à Beira-Mar”, de “Norwegian Wood” e de “Crónica do Pássaro de Corda”, esta empreitada que me levou 3 anos, foi uma boa experiência.
Entretanto este japonês do qual sou fã, já publicou mais 2 livros, o que muito me agrada.
Neste dia, o tema dos Beatles que inspirou, deu título e funciona como banda sonora das primeiras páginas do livro de Haruki Murakami... "Norwegian Wood"
Pensar na segunda parte de uma trilogia, sugere-me “marcar passo”. Talvez esta minha ideia pré-concebida se tenha formado com base na 7ª Arte, onde por diversas vezes senti que os primeiros e terceiros capítulos trouxeram algo de realmente interessante, comparativamente com os segundos, que quase podiam ser omitidos.
O volume 2 de “1Q84” não se enquadra neste grupo. Aqui são dadas a conhecer as respostas a grande parte dos mistérios levantados no primeiro livro. Em compensação, surgem mais enigmas.
A história avança e, mesmo para quem tenha lido o primeiro livro meses antes e já não o recorde com rigor, – foi o meu caso – no segundo o importante é referido de forma natural, nada forçada, e o leitor facilmente se lembra do que já havia lido. Simples, posso assegurar e muito, mas muito bem conseguido.
No primeiro livro, as vidas das personagens principais Aomame e Tengo (contadas em capítulos alternados) pareciam nada ter a ver uma com a outra e só no final revelaram alguns pontos comuns, embora muito tenuemente. No 2º volume estão intrínseca e assumidamente ligadas.
A continuação da narrativa do livro anterior, ganha agora contornos de uma história de amor, com o que de mais invulgar essa associação de palavras nos traz à imaginação e com o que de menos banal se pode pretender de uma história de amor. Afinal é Murakami quem conta a história, a banalidade não é característica sua.
A propósito do livro “A Crisálida de Ar”, em torno do qual gira a trama dos dois volumes de “1Q84”, a maneira como este enorme sucesso de vendas é descrito neste romance, poderia facilmente aplicar-se ao próprio “1Q84”.
Aqui está um excerto do volume 2, uma pequenina descrição sobre “A Crisálida de Ar”, que encaixa que nem uma luva no que é o vasto mundo da escrita e obra de Murakami:
Ainda que não considere “1Q84” o que de melhor o autor escreveu, Murakami continua a surpreender e a encantar.
Já não sei dizer em que livro de H.M. é que fui buscar tal informação, mas lembro-me que na altura, vasculhei um ou dois sites de conhecidos livreiros e não encontrei nenhum livro deste autor americano, editado em português.
Foi na badana de “O Sentido do Fim” de Julian Barnes, que descobri finalmente, dois títulos traduzidos de Raymond Carver. Na última Feira do Livro do Porto, comprei-os.
“O Que Sabemos Do Amor” eu sabia que era uma compilação de contos, género literário que não aprecio particularmente; "Catedral” era uma incógnita, mas decidi arriscar.
Recentemente comecei a lê-lo. Gostei do que pensei ser o 1º capítulo e até guardei expectativas favoráveis sobre o livro.
Quando li o 2º e verifiquei que não tinha qualquer ligação com o 1º, estranhei, mas alimentei uma pequena esperança de que se tratasse apenas de uma característica que estou habituada a ver nalguns livros de Murakami e que muito me agrada: duas histórias, aparentemente diferentes, contadas alternadamente entre capítulos.
Ao chegar ao 3º capítulo, concluí que tinha nas mãos um livro de contos e fiquei desiludida. Para digerir essa desilusão recorri a Gabriel García Márquez, em “O Veneno da Madrugada”, que passou a ser a minha leitura principal.
Regressei a “Catedral”, titulo do livro e também nome do 12º e último conto desta compilação.
O que ficou? Está muito bem escrito e os contos são criativos e diversificados. A maioria destas pequenas narrativas é como se ensinasse uma lição mas também há algumas que deixam uma sensação de final brusco, como se faltasse acrescentar algo...
São histórias sobre coisas do quotidiano: o divórcio, o alcoolismo, a perda de um filho...
Achei curiosa a pequena referência ao “Coronel Sanders”, emblemática personagem da cadeia de fast food "KFC”, mas também de “Kafka à Beira-Mar”.
Muitas vezes questiono como é que Murakami se lembra de tão mirabolantes personagens, cenários e contextos. O Coronel Sanders talvez tenha sido inspirado em Raymond Carver?! Não sei.
O que sei é que Murakami me continua a surpreender, mesmo quando escreve contos. Raymond Carver, nem por isso.
Pois é, na inauguração do “Numa de Letra” publiquei um video sobre o “1Q84” de Haruki Murakam, dei a entender que gostava mas não me alonguei... E, afinal, vocês não me conhecem (para já, pelo menos) nem “levantei o véu” naquela parte do blog intitulada “Ver Perfil”... Com o evoluir do blog vão-me conhecer melhor, prometo.
Para já, da trilogia “1Q84”, li o primeiro Livro. Foi entre Janeiro e Fevereiro deste ano e na Páscoa fui contemplada, pela madrinha, com o Livro 2.
Esta introdução em “1Q84” deixou-me com muita vontade de continuar – e acreditem que tenho de controlar os inúmeros impulsos que me assaltam, para não ir a correr pegar no Livro 2 – mas ainda não chegou a altura certa. Isto pode soar um pouco complexo ou até paradoxal mas o facto de ter sempre um livro de Haruki Murakami por ler, à minha espera, dá-me uma sensação de conforto e satisfação.
Quando leio Murakami, sei que o gozo e o deleite são garantidos.
Ao ouvir falar, pela primeira vez, em “1Q84”, ainda este não tinha sido lançado em Portugal, fiquei rendida ao título... Estava perante uma excitante analogia! Claro que eu ainda não sabia que a letra “Q”, em japonês se lê “9” mas o vínculo com a obra-prima de George Orwell é imediato, não fosse o nosso cérebro proceder à leitura das palvras dessa forma (estão a ver, omiti o “a”, em “palvras” e vocês, mesmo assim, souberam que me referia às “palavras”...). No meu caso, que adorei “1984” e é um dos livros mais marcantes que li, essa conexão de Murakami aliciou-me e suscitou-me uma tremenda curiosidade em conhecer a associação que Murakami fez.
A responsabilidade de Murakami era alta, ao fazer essa alusão mas, uma vez mais, o autor não desiludiu, confirmando a sua mestria
Aqui vai um exemplo, ora leiam este pequeno excerto:
No Livro 1 de “1Q84” são dadas a conhecer as personagens principais: Aomame e Tengo, apresentadas intercaladamente nos capítulos. Sorri e pensei logo: “Este livro promete”, quando me apercebi desta particularidade e me lembrei de “Kafka à Beira-Mar”, em que assim é...
O primeiro capítulo, o de Aomame, ficou-me gravado na memória com algum rigor, facto que não é assim tão comum na maioria dos livros de outros autores... Até a música que serviu de fundo a esse capítulo – “Sinfonietta”, de Leos Janacek – ainda hoje tantas vezes me vem a memória. Tengo é a personagem abordada nos capítulos pares deste livro, o rapaz solitário típico das personagens dos livros de Haruki, característica que aprecio particularmente.
Nos primeiros capítulos confesso que senti uma maior simpatia pela história de Aomame mas quando os mistérios em torno de Fuka-Eri e o “Povo Pequeno” se começaram a afirmar, as personagens ficaram empatadas, no que diz respeito à minha preferência.
Não me vou alongar em palavras sobre a história... Leiam-na se puderem, porque tudo o que eu possa dizer fica sempre aquém do que a escrita de Haruki Murakami desencadeia em mim. Além disso, seria uma missão praticamente impossível, listar todas as citações, passagens, factos, pormenores, músicas, etc. que ainda hoje me fazem recordar, pensar e sonhar com “1Q84”... E com todos os outros livros que li de Haruki Murakami, mesmo que há alguns anos atrás e que recheiam as minhas deliciosas recordações, enaltecendo-me a alma.
Por norma, o melhor é para o fim mas neste caso prefiro deixá-lo já no início.
Uma boa referência, para começar, a um autor que nunca me desilude... Pelo contrário!
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