Embora a escrita de Teolinda Gersão seja delicada e simples, a verdade é que demorei demasiado tempo a ler “A Cidade de Ulisses”.
Trata-se de uma história de amor vivida em Lisboa.
Paulo Vaz é um artista plástico, convidado a fazer uma exposição sobre Lisboa. Este convite leva-o a recordar Cecília Branco com quem viveu o grande amor da sua vida.
Tinham-se conhecido nos anos oitenta, ele professor e ela aluna. Apaixonaram-se sem se conhecerem em profundidade, amaram-se em Lisboa, cidade que percorreram durante quatro anos, descobrindo juntos os monumentos, as ruas, os bairros, todo o seu lado pitoresco.
Um gesto violento e irreflectido de Paulo separa-os em definitivo e Cecília parte para sempre... ou quase, a separação é apenas física, ela deixará vários cadernos que servirão de apoio na montagem da exposição encomendada a Paulo.
Teolinda compara Cecília a Nausica, que também ama Ulisses sem o conhecer quando o vê, náufrago, na praia.
Todo o livro tem um ambiente trágico, há relações familiares difíceis, a actual crise financeira é também abordada, assim como as dificuldades do nosso país nos últimos trinta anos.
De forma mais ou menos explícita aqui se acentua a crise civilizacional, a realidade política e social, tudo com muita objectividade e lucidez.
Gostei bastante de regressar a Teolinda Gersão e este livro, escolhido para as férias, não me desiludiu: o texto é rico e denso e, verdade seja dita, uma história de amor mesmo quando vivida no fio da navalha, é sempre uma história de amor.
55ª exposição internacional de arte
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projecto arte de portas abertas
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