Ainda a propósito do excerto do livro do post anterior, aqui está um leitor no aeroporto, por entre o "anonimato das escalas aéreas" e "da multidão passageira", que Italo Calvino tão bem descreveu.
Encontrei estas fotos no baú, são de uma viagem que fiz em 2013. Ah! E o aeroporto é o de Bruxelas.
Numa escapadela rápida para tomar um refresco antes do “Trafaria Praia” zarpar, encontrei o Giovanni na exposição “My Radiant Island”, de Orna Elstein, uma artista Israelita de Tel Aviv.
A abordagem ao Giovanni foi feita em Inglês mas a conversa, surpreendentemente, terminou em Português.
Talvez não faça assim tanto sentido assistir a este vídeo no Numa de Letra ou noutro sítio qualquer, que não fosse no Pavilhão Britânico da Bienal de Veneza 2013. Não sei, não resisti a publicá-lo.
Há 3 dias a Bienal terminou e este post serve de pretexto para lhe deixar mais uma homenagem.
Para além da participação de Pedro Cabrita Reis com um espaço paralelo à Bienal de Veneza, a representação Portuguesa na 55ª edição é feita através do Trafaria Praia, o cacilheiro que Joana Vasconcelos recuperou e que se encontra atracado perto da paragem de vaporetto dos Giardini.
Ao trazer este cacilheiro que havia sido desactivado em 2011, a artista procurou fazer uma alegoria ao comércio tradicional entre Veneza e Lisboa, por via marítima, que se desenvolveu desde o Renascimento. A água, o transporte marítimo e a arte são três factores importantes a ligar Lisboa e Veneza.
Sobre o cacilheiro, destaco o painel de azulejos azuis e brancos (tão tradicionalmente Portugueses) que reveste o exterior, da proa à popa. Belíssimo!
O convés do navio tem a marca inconfundível da artista através de crochets em algodão e lã, uns suspensos outros pousados, alguns tecidos à mistura, tudo bem iluminado com efeitos extraordinários de pequenas luzes, numa harmonia tranquila e pouco convencional.
Considero que a representação portuguesa nesta edição da Bienal de Veneza é extraordinária: Joana Vasconcelos conseguiu um pavilhão único, amovível e, portanto, a destacar-se de todas as outras representações.
Foi um orgulho ouvir fado a bordo do Trafaria Praia, sentir o pulsar português num agradável passeio que o cacilheiro faz diariamente.
De tanto se ouvir falar sobre Veneza, há a sensação de já lá se ter ido, de se conhecer a cidade. Era o que se passava comigo; agora, depois de por lá ter passado, digo que não é bem assim. Os relatos e as fotografias não nos transmitem os sons, os aromas, o ambiente... e Veneza tem um charme muito próprio, aguça-nos os sentidos: a visão a 3D, o contacto com os autóctones, os cheiros, os sons (o ruído da água é permanente) e o prazer da boa comida italiana.
Sim, Veneza é uma cidade romântica, cheia de canais e ruelas estreitas, onde os turistas de todo o mundo circulam, sem pressa. Foram 4 dias inesquecíveis, incomparáveis.
Se estive na Praça de S. Marco? Claro e comi um gelado, divertida e distraída com tanta gente. Andei de gôndola? Sim, atravessei o Grande Canal, uma vez de gôndola, várias de vaporetto (os autocarros aquáticos de Veneza). Se fui a Murano? Obviamente que sim, entrei numa fábrica e vi ser fabricada uma peça em vidro. Também comprei um "ricordo", como manda a praxe.
Visitei basílicas, das quais destaco "Santa Maria della Salute" e fui ao "Il Ghetto", onde a comunidade judaica se junta para fazer as suas orações.
Vi tudo isso e gostei muito.
Depois, a "Bienal de Veneza", ponto alto das minhas férias em Itália. Há tanto para mostrar, que sobre este evento falarei no próximo post. A não perder....
Em Florença, com o imponente Duomo como pano de fundo e à espera de vez para subir até à Cúpula de Brunneleschi, encontrei esta senhora francesa a ler Albert Camus.
É altura de terminar o relato da minha passagem por Florença. Foram seis posts em que tentei dar uma pequena noção do que vi, do imenso que a cidade tem para mostrar, enriquecendo-nos, porque quem a visita e a aproveita só pode sair culturalmente mais rico. Pelo menos foi como me senti. Muitos sítios, estórias e factos ficaram por partilhar aqui no Numa de Letra; é impossível pôr em palavras tanta beleza arquitectónica, tanta Arte.
Não cheguei a falar na “Casa di Dante” nem na sua igreja, nem em “Orsanmichele” e em tantas outras igrejas e capelas… ahh!... e nos concertos de órgão que soavam à entrada de algumas capelas ao passar na rua, e a que eu quase nunca consegui resistir, sentar-me e a ficar a ouvir, quase sempre comovida.
Não referi os os fantásticos “O Nascimento de Venus” de Botticelli e “A Sagrada Família” de Miguel Ângelo que tive o privilégio de ver ao vivo. Quando penso nesses longos momentos em que fiquei literalmente siderada tamanha era a perfeição, continuo maravilhada. Foram génios únicos, sem dúvida.
…A Pietà de Miguel Ângelo, conservada no Museu dell’Opera del Duomo, concluída pelos seus discípulos e que, comparada com a original que vi no Vaticano, se revela bastante imperfeita.
Nem falei na Piazza della Repubblica que quase diariamente percorri e em tantas outras praças, cada uma com o seu encanto e em vários outros locais onde recentemente foram filmadas cenas do filme inspirado no último livro de Dan Brown, “Inferno”.
Na impossibilidade de visitar tudo o que Florença nos oferece, cumpri o ritual de “Il Porcellino” (a cópia do século XVII, em bronze, da estátua romana em mármore, de um javali que se pode ver nos Uffizi). Passei a mão no focinho brilhante e polido da estátua.
Entretanto aproxima-se a hora do comboio que me levará a Veneza.
Já com saudades, deixo Florença e aqui se completa o que consegui expôr certa de que é pouco, comparado com o que a cidade tem.
Ciao Marilena! Ciao Vanna!
Marilena trabalha na livraria e Vanna é a proprietária.
A caminho do "Tiempio Israelitico", uma sinagoga sobre a qual falarei oportunamente, encontrei a "Libreria Delle Donne di Firenze".
Fui gentilmente recebida pela Marilena e a Vanna, que se deixaram fotografar para o Numa de Letra e quiseram saber alguns pormenores sobre o meu blog.
Quando lhes falei na rubrica “Alguém, algures, numa de leitura”, disseram-me que há uns tempos a “Libreria Delle Donne” promoveu um concurso de fotografia em que o mote eram os livros. Gostei de saber.
Na conversa, deram-me a conhecer pormenores interessantes sobre a "vida" da livraria. Aqui se promovem regularmente seminários, apresentações, exposições e outros eventos culturais.
Dão especial atenção às pequenas editoras de qualidade, apoiando-as, assim como a publicações de autoras femininas, já que têm acesso a catálogos específicos. Também oferecem assistência bibliográfica para traduções de autores estrangeiros e fazem despachos de livros para qualquer parte do mundo.
Sendo uma livraria com parcerias várias, como o "Centro de Documentação" e a "Cooperativa das Mulheres", tem uma boa oferta cultural e didáctica.
É um espaço simpático, acolhedor e versátil, inovador embora "clássico", onde o universo feminino é privilegiado.
Aqui o tempo passa depressa, porque há muito que ver.
As anfitriãs são pessoas de bom gosto, dão alma a este agradável espaço.
Para quem tenciona visitar Florença e precisa de quebrar o ritmo de visitas, tanto esta sugestão como a do post anterior caem bem. Eu gostei muito.
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite