Domingo, 1 de Fevereiro de 2015
E se a cada leitura de um novo romance houvesse uma interrupção abrupta sem que se chegasse a conhecer o seu final? É o que acontece em “Se Numa Noite de Inverno um Viajante”, com 10 inícios de romances distintos - uma espécie de contos - que deixam o leitor (nós) com água na boca para conhecer o desfecho.
Mais do que um romance esta é uma obra que pretende ser uma teorização do que é a Literatura, não sendo por acaso que é usada como “bíblia” nas cadeiras de introdução à Literatura.
Acresce que Italo Calvino redigiu este livro após 7 anos sem publicar.
Um trabalho muito técnico, complexo e, acima de tudo, uma ode ao prazer da leitura.
Sabes que me identifiquei imenso com as palavras que li! Se tivesse o dom da escrita, era isto mesmo que escreveria.
Mais um livro que ficará na lista dos que deverei ler.
Beijos
Com bastante atraso, aqui fica a resposta ao teu comentário.
Não é um livro cuja leitura/crítica seja fácil mas tentei deixar a minha opinião pessoal.
Ainda bem que gostaste.
Continuação de boa semana.
Beijinhos.
Um livro de alto impacto e estímulo intelectual, não verdade? Marcante.
Marcante, sem dúvida.
Obrigada pelo comentário.
Italo Calvino é, de facto, uma referência da Literatura italiana e até mundial.
Um abraço.
De
isa a 3 de Fevereiro de 2015 às 09:50
que bonito extrato que nos apresentas. Não conheço mas fica-me aqui esta lembrança para uma futura leitura.
Há alguns anos que faço viagens profissionais e identifiquei-me com este bonito excerto.
Que bom que também gostaste.
Sintetizaste muito bem o que é este livro: um hino ao prazer de ler mas também uma bela confusão; :) é daqueles livros que o melhor é ler por ler, saboreando as palavras e deixando de procurar enredos onde eles, se calhar, não existem. Neste aspeto faz-me lembrar os melhores livros do nosso Lobo Antunes.
Gostei deste comentário, é que é mesmo assim!
Continue a aparecer.
De Paulo Lopes a 28 de Outubro de 2016 às 16:20
Olá.
Embora ignore se, mais de um ano e meio depois, ainda vale a pena estabelecer uma relação com este post, aqui a deixo, na mesma. Outro livro de Italo Calvino proveniente de idênticos veios lúdicos e experimentais é "O Castelo dos Destinos Cruzados". Pegando nas gravuras do baralho de tarot visconti, do século XV (com as primorosas iluminuras de Bonifácio Bembo), Italo Calvino levanta narrativas cujo significado depende da interpretação e da sequência das cartas apresentadas. A premissa de base; um conjunto de viajantes, numa noite de tempestade, recolhem-se num castelo e, descobrindo-se incapazes de falar, socorrem-se das cartas para contar as suas histórias. "Ele tomou uma carta e colocou-a diante de si. todos notámos a semelhança entre o seu rosto e o da carta e julgámos compreender que, com aquela carta, quereria dizer 'eu' e e se preparava para contar a sua história." E cada história dependerá da escolha e da sequência das cartas escolhidas; por exemplo, qualquer coisa como "Ao apresentar-se com a carta do Cavaleiro de Copas, queria ele talvez dizer que, tendo-se achado na posse de uma razoável fortuna, resolveu percorrer mundo..." (A segunda parte do livro - "A taberna dos destinos cruzados" - é uma glosa deste processo.)
Embora muito menos ambicioso do que "Se numa noite de Inverno..." , é pelo menos tão radical como este - e suponho que merecerá uma leitura de quem não conheça e tenha gostado de "Se numa noite...".
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