Parti para a leitura de “Os Transparentes” com a boa referência de “Quantas Madrugadas Tem a Noite”, outro livro de Ondjaki sobre o qual já falei aqui no Numa de Letra (http://numadeletra.com/9280.html).
Obra vencedora do Prémio José Saramago 2013, é um livro completo.
A escrita é magnífica e aborda temas sérios como a pobreza e a corrupção de uma forma sarcástica e por vezes até, hilariante.
Luanda, terra natal do autor, é a cidade onde toda a acção se passa, o pano de fundo desta história de vizinhos do mesmo prédio, gente simples e anónima.
A construção das personagens começa nos nomes de cada uma como, por exemplo, VendedorDeConchas, CamaradaMudo, JoãoDevagar, o Carteiro, MariaComForça, entre outros, cada um a contar as suas histórias ao mesmo tempo íntimas e colectivas.
Numa cidade que é um misto de modernismo e degradação, fica latente esta constatação, sempre abordada num tom emotivo e extraordinário.
A sensibilidade e a lucidez de Ondjaki também estão bem latentes ao longo de todo o livro, uma obra-prima que recomendo.
P.S.: A título de curiosidade, conheci ontem o autor na Feira do Livro de Lisboa. Ao pedir-lhe que me autografasse um livro, conversámos durante alguns minutos. Fiquei deslumbrada com a transparência do seu olhar, com a simplicidade e afabilidade das palavras, com a gentileza dos gestos.
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite