Num zapping televisivo de uma tarde preguiçosa de Domingo, dei com uma entrevista a J. E. Agualusa. Gostei do que ouvi, de tal modo que fui à estante procurar "O Vendedor de Passados" - estava lá desde 2004, ano em que foi editado.
Coincidentemente acabara nesse dia a leitura anterior e, como poucos dias faltavam para as férias e o livro era pequeno e magrinho, achei que o leria num ápice. Enganei-me, o trabalho exigiu muito e não sobrou tempo para as leituras. Assim, acabei por levá-lo comigo.
Não estou certa de ter sido a escolha ideal, apesar de ter gostado muito.
É um romance que se passa em Luanda e o relator é uma osga chamada Eulálio que nos conta como Felix Ventura, um negro albino, constrói histórias de vida a quem o procura. Esses fregueses são todos abastados, figuras importantes da emergente sociedade angolana. Homens de negócios, políticos, ministros, generais, gente com um presente e um futuro prósperos, mas a quem falta um passado digno... Félix Ventura estuda-lhes a personalidade, elabora uma árvore genealógica fantástica e vende a essa gente um passado com dignidade... um passado falso, claro!
Subtil e metaforicamente a colonização angolana é abordada, assim como os traumas que ficaram na formação da identidade de um povo agora livre e à procura de rumo.
A escrita é deliciosa e brilhante, o tema requeria atenção. Foi talvez o que me faltou, porque a cabeça andava nas nuvens e a concentração era difícil.
Hei-de voltar a Agualusa, num contexto mais tranquilo, menos gondoleiro.
De
Veruska a 22 de Agosto de 2013 às 20:46
Eu adorei; aliás como todos os livros que li dele.
E além do mais, ele é um charme. Já tem vindo aqui a Faro apresentar os seus livros e é sempre fantástico participar . Da última vez, trouxe o Mia Couto. Eu nem queria...
Fiquei com a mesma impressão de J. E. Agualusa quando vi a tal entrevista que me fez ir buscar este livro à estante.
Gostava de estar presente numa das suas apresentações.
Uma coisa é certa: agora que o li pela primeira vez, tenho vontade de descobrir mais livros deste escritor.
E cá voltei eu a deliciar-me com a tua análise sobre leituras interessantes.
Aqui encontro uma maneira de estar sempre bem informada em termos literários o que é compensador, já que por agora a minha vida não permite dedicar-me a grandes leituras.
Beijos
Há fases assim em que quase não temos tempo para ler, o que é uma pena. Passei pelo mesmo nas últimas semanas antes de ir de férias e mesmo durante as férias.
Pelo menos tens um bocadinho para cá vir visitar-me e eu fico toda contente :-)
Obrigada e beijinhos.
De
C. a 23 de Agosto de 2013 às 17:53
não li este, li outros 2, mas no momento em que escrevo este comentário o cansaço não me está permitir recordar títulos e concordo com "A escrita é deliciosa". senti ao lê-lo que os sentidos eram alertados. pois que...gosto de Agualusa (parece-me um escritor consistente) :D
A mim também me parece, C.
Obrigada pela partilha de opinião (sempre interessante).
Um dos muitos livros que encontrei na biblioteca da minha escola. Amei o livro, e percebi que você também adorou a leitura ^^
Conheci J.E Agualusa a partir desse livro, devo adimiti que o autor conseguiu me prender do inicio ao fim.
Beijos,
misturandoasmentes.blogspot.com
Obrigada pelo comentário e volte que é sempre benvinda ;-)
Um abraço.
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