Apesar da curiosidade que há muito tinha em conhecer a escrita de Philip Roth, fui protelando e só agora entrei no seu mundo literário. Estreei-me com “A Humilhação”, o trigésimo livro do autor.
As poucas folhas e a escrita aparentemente acessível, poderiam à primeira vista sugerir tratar-se de uma leitura simples, quase básica, mas não. Na realidade, a escrita e a história estão recheadas de pormenores inteligentes, subtis e alguma psicanálise.
Roth elaborou um enredo envolvente e imprevisível, cheio de voltas e reviravoltas, deixando o leitor em constante meditação. Vários temas sérios e actuais são referidos: o suicídio, a pedofilia, a homossexualidade, por exemplo. E sexo... descrições explícitas que fazem corar o menos puritano!
O livro começa com o declínio do protagonista, o conceituado actor de Teatro e Cinema chamado Simon Axler, de 65 anos. Com um currículo invejável, de repente perde tudo: a confiança na arte de representar, a magia, o talento, a vontade de viver e até a própria mulher o abandona. Não conto outros pormenores, pois correria o risco de revelar demasiado… e foi tão empolgante descobrir a história página a página!
Sendo “A Humilhação”, o único título deste autor norte-americano de ascendência judaica que li até ao momento, talvez seja prematuro fazer uma associação de estilo e estrutura de escrita. Contudo, atrever-me-ia a coloca-lo entre Truman Capote e Cormac McCarthy.
Ficou uma vontade enorme de voltar a Philip Roth, na expectativa de descobrir melhor a sua escrita. Curiosa e coincidentemente, enquanto lia “A Humilhação”, vi uma entrevista que concedeu a um dos nossos canais televisivos e também aqui fiquei fascinada pela simplicidade e naturalidade com que se expôs, desvendando alguns dos enigmas dos seus livros mais marcantes.
Verdadeiramente um nome a reter, um premiado autor a reler.
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