Quem acompanha o pedrices sabe que o Pedro é apaixonado pela Grécia.
Gentilmente enviou-me um mural em Chania, Creta, que publico com muito agrado.
Este é um título sugestivo e verdadeiro, já que o livro não tem personagens. Bom, na verdade não tem nomes nem diálogos mas está cheio de pessoas e são os objectos que nos conduzem a elas.
Logo no início o leitor é confrontado com uma planta da Rua do Arco-Celeste (o local onde se desenrola o enredo) e é convidado a usá-la para tirar notas e apontamentos que acompanhem a leitura.
Há 7 casas, cada uma com a cor do arco-íris, uma escola, um infantário, duas torres, uma sucata, uma horta, uma florista, um café, entre outros locais.
Depois vêm os objectos que dão o mote para o leitor revestir as casas com personagens: uma bengala e uma cadeira de rodas a insinuarem velhice; parada em frente à casa amarela uma 4L com um autocolante de uma discoteca de Ibiza, que um dia é trocado por um autocolante de “bebé a bordo” informando-nos que a rapariga da casa amarela foi mãe; na porta exterior da casa violeta 2 homens gráficos com as cores do arco-íris indicando homossexualidade; na casa índigo camisas negras e cabelos negros a mostrarem uma numerosa família cigana. Estas, entre muitas outras informações que vêm de associações deste género.
Mas mais do que as pistas que põem o leitor no papel de detective, "Livro Sem Ninguém" está cheio de simbolismos.
Como a casa índigo que representa a atitude para com as minorias, o aforismo em ferro forjado à entrada da horta comunitária “e vem a fome e leva tudo” , ou a florista cuja montra personifica o que se passa na rua.
Há até flores a simbolizarem cada casa. Aliás, em cada capítulo – que é um mês do calendário –, PG-M descreve um tanto ou quanto pormenorizadamente a flora relativa a esse mês. Facto peculiar, sem dúvida.
Para mim o melhor do livro são as passagens ligadas à arte e até elegi uma frase favorita: “Deus é impressionista”.
Este título é o segundo livro publicado de PG-M e foi finalista do prémio Leya em 2012.
Conheci o autor numa sessão intimista e produtiva. Aí ficámos a saber que a ideia para este livro surgiu no início do Outono, numa manhã em que PG-M sai à rua e não encontrou ninguém. Depois o autor confessou também que este livro lhe “exigiu uma grande disciplina” e que tinha receio de ficar “um livro frio”.
Mas não, longe disso, o resultado é muito bom. Vale a pena ler este "Livro Sem Ninguém".
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