No dia internacional do Blog que é também o último de férias da Numa de Letra, um olá e a promessa de notícias em breve.
O Sr. José, personagem principal de “Todos os Nomes”, é auxiliar de escrita numa Conservatória Geral. Andará na casa dos cinquenta e, para além do trabalho rotineiro, nada de interessante acontece na sua vida.
É um solitário que vive paredes meias com a Conservatória, sem família nem amigos.
Apesar de cumpridor e escrupuloso, nunca subiu um degrauzinho na rígida hierarquia do serviço.
O seu único passatempo é recortar e coleccionar biografias de gente famosa mas, quando no meio das fichas dessas pessoas encontra um verbete de uma mulher comum, foca toda a sua atenção na vida dessa mulher… e a vida do Sr. José transforma-se radicalmente: o humilde funcionário entusiasma-se na procura “do outro”.
Gostei muito desta estreia na leitura de José Saramago.
A escrita, aparentemente complexa, é única. As frases são enormes mas nem por isso fazem perder o fio à meada. Não há aviso ortográfico para os discursos directos, os diálogos simplesmente começam com a maiúscula no correr do texto, sem mudança de linha, sem travessão, sem aspas.
Adorei e ri com o número exagerado de exemplos citados, como esta passagem sobre as colecções do Sr. José: “uma vez que lhe é indiferente que se trate de políticos ou de generais, de actores ou de arquitectos, de músicos ou de jogadores de futebol, de ciclistas ou de escritores, de especuladores ou de bailarinas, de assassinos ou de banqueiros, de burlões ou de rainhas de beleza.” ou uma página quase inteira com definições de como eram constituídos os primeiros monumentos funerários.
Depois há a análise subliminar do autor à condição humana que nos deixa a reflectir.
Voltarei a Saramago, não há dúvida.
55ª exposição internacional de arte
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projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite