Numa escapadela rápida para tomar um refresco antes do “Trafaria Praia” zarpar, encontrei o Giovanni na exposição “My Radiant Island”, de Orna Elstein, uma artista Israelita de Tel Aviv.
A abordagem ao Giovanni foi feita em Inglês mas a conversa, surpreendentemente, terminou em Português.
Como pertenço a um “Clube de Leitura”, acabei por estes dias de ler “Debaixo de Algum Céu” de Nuno Camarneiro, a sugestão para o mês de Novembro.
Este é o primeiro livro que li do autor e embora julgue que muito foi já escrito sobre ele, permito-me deixar a minha opinião também já partilhada com quem faz parte do referido clube.
A história é simples: passa-se num prédio situado junto à praia, onde vivem pessoas e famílias diversas que, sendo vizinhos, se cruzam regularmente e acabam por se interligar. Personagens planas e modeladas, com muita densidade psicológica, a maioria com vidas rotineiras, representando tão bem o alter-ego de muita gente.
É uma escrita simples mas belíssima, tal como simples é o tema do livro. Apesar disso não me deslumbrei, acho que a parte “negra” da vida está bastante dissecada, provavelmente sem necessidade. Contudo, permito-me recomendá-lo a quem procura uma leitura que não dê muito que pensar ou a quem gosta do que bem se escreve em Português.
A título de curiosidade, Nuno Camarneiro é um jovem da minha geração com quem partilho algumas coincidências interessantes no percurso académico.
Aqui fica um excerto sugestivo do livro:
Jorge Luis Borges nasceu na Argentina, estudou e viveu em Genebra, depois em Espanha e mais tarde regressou a Buenos Aires.
Aos 6 anos disse ao pai que queria ser escritor.
Da sua vasta obra destacam-se vários livros. Mestre do conto e da poesia, criou histórias fantásticas e humanas.
“O Livro de Areia” é um conjunto de 13 contos sem relação entre si e passados em países tão diversos quanto Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Suécia, Uruguai e Argentina, para citar alguns. Adivinham-se traços auto-biográficos e a característica peculiar de escrever narrativas fantásticas é salientada pelo próprio autor, em alguns destes contos.
Li-os entre aeroportos, com outros livros à mistura e muitas interrupções pelo caminho, algumas bastante prolongadas. Chego ao fim com a sensação de não ter dado ao livro a atenção merecida.
Mesmo assim e não sendo propriamente adepta de contos, como anteriormente já escrevi, só me sobram elogios para a escrita deste autor tão premiado. Salientarei o conto “A noite das mercês”, do qual fica um pequeno excerto:
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite