Há livros tão bons e marcantes que nunca mais nos esquecemos deles. Foi o que me aconteceu quando li “O Deus das Moscas” de William Golding, título que lhe valeu a atribuição do Prémio Nobel da Literatura em 1983. Desde então, este autor passou a ter um lugar de destaque nas minhas preferências.
Quando nas férias de Verão descobri a Livraria Esperança no Funchal, com centenas de tesouros, achei que estava na hora de reler William Golding. De entre duas opções disponíveis, enveredei por “Em Queda Livre”, por ter lido na sinopse as palavras “artista de sucesso”, associadas à personagem principal.
Metaforicamente falando, escolheria a cor cinzenta para caracterizar este livro… como os “rostos pálidos” que Samuel Mountjoy, narrador e personagem principal vê constantemente a espreitar, por cima do seu ombro.
Filho de pai incógnito e mãe alcoólica, numa infância passada na “Rua da Podridão”, um bairro pobre de Inglaterra, Sam consegue superar estas amarguras e transformar-se num artista de sucesso. Mais tarde, durante a Segunda Grande Guerra, é feito prisioneiro pelos nazis, torturado e fechado sozinho numa cela. Quando finalmente é libertado, inicia uma introspecção sobre as vicissitudes da sua vida, que desde então se desenrola “Em Queda Livre”. Sam é um homem atormentado que sente ter perdido o seu livre-arbítrio, característica que torna cada ser tão singular.
Nem sempre é bom criar muitas expectativas, por vezes fica-se algo decepcionado. Contudo, “O Deus das Moscas” marcou-me tão positivamente e William Golding tem uma escrita tão brilhante, que não enjeito a hipótese de, daqui a uns tempos, tentar outro título. O escritor, já desaparecido, merece.
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