Pedro Paixão é um autor algo controverso: tem os fãs incondicionais e depois há os que não gostam do seu estilo. Fico-me pelo meio termo.
Dele, já li mais do que um título e “Onze Noites em Jerusalém” foi o que achei mais interessante. Alia alguma ficção à realidade.
É um conjunto de crónicas sobre a deslocação e estadia do autor na Terra Santa onde segundo o próprio, foi, por necessidade interior. Durante essa estadia procurou entender os acontecimentos do Médio Oriente, a violência constante entre Judeus e Palestinianos, sentindo-se “parte” dessa gente, sendo “um” deles.
Achei uma escrita muito angustiada e emocionada, também. Cronologicamente, entre outros factos, narra-nos a formação do Estado de Israel e o consequente reconhecimento desse Estado, pela ONU.
Como recentemente o conflito se agudizou, achei que o título de Pedro Paixão era pertinente e actual. Felizmente o cessar fogo já foi declarado e a normalidade relativa da zona, restabelecida. Contudo, não deixa de ser um assunto não resolvido e, talvez por falarmos de Jerusalém, uma cidade cheia de História onde se cruzam várias religiões e pensamentos, há sempre em nós, ocidentais, um fascínio inquietante e pertubador. Depois há um outro motivo, quase secreto, que só mais tarde revelarei.
Neste livro, para além das crónicas, Pedro Paixão inclui ainda um conjunto de 10 poemas escritos por Moshe Benarroch, um escritor marroquino que vive actualmente em Jerusalém. Seleccionei um deles:
Bom fim-de-semana!
De volta aos clássicos americanos porque a biblioteca lá de casa está bem recheada deles, desta vez entra Erskine Caldwell e “O Pregador”. Conhecendo a vida do autor, poderemos dizer que será uma espécie de auto-biografia.
Basicamente a história fala de um pregador errante de nome Semon, que anda de terra em terra a apregoar a fé, insistindo que as pessoas são más, pecadoras e possuídas do diabo. A função dele será libertá-las desses demónios a caminho da salvação. Afinal isto é uma sátira, pois ele é o melhor exemplo do que é um ser mau, mesquinho, preconceituoso e calculista, acima de tudo um burlão (de bens e mulheres).
O romance desenrola-se em Rocky Comfort, uma das terras que Semon percorre, situada no interior da América. Sem nunca ser mencionado, o racismo está eminentemente presente, pois a inteligência ou a falta dela estão relacionadas com o tom de pele de cada um: quanto mais escura, mais básica a pessoa é… tal como as mulheres (e nesta história só há duas entre as principais), que são tratadas como seres inferiores, um prolongamento das vontades dos homens.
Não querendo abordar um capítulo específico, refiro apenas uma situação passada na casa de uma das personagens relevantes, por tê-la achado poética e quase filosófica, relacionda com a forma como o mundo pode ser visto… aqui fica o excerto:
Aqui fica uma pequena mostra e amostra do que ontem se "viveu" no Quarteirão das Artes, no Porto.
O frio e a chuva não demoveram os interessados, até porque havia chocolate quente, chás diversos e, para os apreciadores, uma garrafeira bem recheada, como se pode ver.
A Numa de Letra cruzou-se com Valter Hugo Mãe e conversou com Beatriz Pacheco Pereira (que se deixou fotografar junto às suas esculturas).
Um fim de tarde esplêndido a deixar "água na boca", para 2013!
No próximo Sábado, o quarteirão Miguel Bombarda convida: às 16h, as Galerias de Arte inauguram as suas exposições simultâneas.
Arte contemporânea, cultura, animação, lojas enfeitadas a rigor e um rol de deleites para a alma e o espírito, são alguns dos atractivos que tornam este evento tão especial. Encontra-se gente interessante, ouvem-se comentários sábios, o olhar enche-se, tantos são os motivos apelativos.
É a última oportunidade para assistir ao evento, este ano.
Fica a sugestão... uma vez mais, a Numa de Letra andará por lá e promete dar notícias!
Coincidindo com o mês em que foi anunciado o vencedor do prestigiado "Man Booker Prize" de 2012, peguei no livro vencedor do prémio em 2010: "A Questão Finkler" de Howard Jacobson, um escritor britânico, de origem judaica.
Treslove, Libor e Finkler são as personagens centrais. O que têm em comum? Para além de uma amizade de longa data, Libor e Finkler são judeus e Treslove aspira a ser. Mais, tornar-se judeu é uma obsessão para Julian Treslove, a personagem principal desta narrativa. Um homem que, apesar dos seus 49 anos, vive em plena crise de identidade, tal é o seu pessimismo a propósito de tudo e insegurança a respeito de nada. Uma obsessão não religiosa mas cultural, que Treslove alimenta através da constante pesquisa de hábitos, maneira de ser, características e até tiques semitas.
Chega a construir uma semântica própria, referindo-se aos judeus como os finklers.
Finklerófilo, finkleridade, finkleresa, finkleraico e não-finklers, são disso exemplo.
Através de discussões filosóficas, de episódios ligados aos "Judeus enVERgonhados", um movimento liderado por Sam Finkler, e em inúmeras passagens ao longo desta obra de ficção, são abordados com inteligência e humor, temas sérios e polémicos, tais como o sionismo, a circuncisão, o Holocausto, o conflito entre Israel e Palestina, a faixa de Gaza, entre outros.
Temas que Treslove tenta aprofundar, na esperança de conseguir formar uma opinião concreta.
Neste livro predominam ainda os termos iídiches (a língua germânica das comunidades judaicas hoje existentes na Europa Central e Ocidental).
Um óptimo romance, uma escrita bela e cativante a merecer a distinção do prestigiado prémio.
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite