Gosto de conhecer outras culturas e viajar talvez seja a forma ideal e mais eficaz de o conseguir.
Como nem todos os destinos são muito acessíveis, encontro nos livros uma boa alternativa.
Terminei a leitura de "O Clube da Sorte e da Alegria", o primeiro livro da escritora americana de ascendência chinesa, Amy Tan. Curiosamente, andei de frente para trás, pois já antes havia lido dois romances da autora, o último dos quais "A Filha do Curandeiro".
Comprei-o no Funchal, na Livraria Esperança, embora já o procurasse há muito, sem sucesso.
É uma história de mulheres: quatro mães chinesas, emigradas nos Estados Unidos, cada uma com uma filha.
Assim, o livro está dividido em quatro capítulos que caracterizam diferentes épocas. Por sua vez, cada capítulo é dividido em quatro sub-capítulos ora dedicados às mães, ora às filhas (estas já nascidas ou trazidas muito pequenas para a América e aqui criadas).
Da leitura, ressalta o enorme contraste entre a cultura chinesa e a americana: a actual China, embora moderna, mantém enraízada nas pessoas uma tradição de superstições e mitos, difíceis de perder. Mesmo emigradas há muito, as mulheres do livro alimentam e passaram às filhas certas crenças, que para nós se tornam bizarras.
Esta dicotomia entre Oriente e Ocidente, a diferença profunda de mentalidades, a dificuldade em "largar" as raízes, eis o verdadeiro sumo deste romance simples e acessível.
No próximo Sábado a partir das 16h, as Galerias de Arte do Quarteirão Miguel Bombarda, no Porto, abrem as portas para mais um evento de “Inaugurações Simultâneas”, dedicado à Arte Contemporânea.
As Galerias de Arte exibem novas exposições, as lojas vestem-se a preceito, as ruas enchem-se de gente. Vive-se um ambiente artístico de festa, muito interessante.
As Inaugurações Simultâneas realizam-se sensivelmente de 2 em 2 meses e são sempre uma verdadeira caixinha de surpresas.
Em edições anteriores, já se puderam ouvir as notas e a melodia de um saxofone que espreitava num varandim, encontrar uma pequena bancada com livros para troca, ouvir o ritmo que o DJ pôs a tocar, beber um chá quente ou frio consoante o tempo convidar. Mas há mais...
A Numa de Letra espera lá estar, como habitualmente. Venham também...
Luis Sepúlveda é um daqueles autores que me dá prazer ler. Imagino-o a escrever com grande facilidade, limitando-se a passar para o papel algumas das histórias que partilha em amena conversa com os amigos, na companhia de um bom vinho. Histórias que tão bem sabe contar...
“A Lâmpada de Aladino” trouxe-me à memória retalhos que o autor partilhou no lançamento do seu título mais recente - Últimas notícias do sul -, a que assisti na Biblioteca Municipal Almeida Garret, no Porto, no passado mês de Fevereiro. Lembrei-me da voz calma e monocórdica de Luis Sepúlveda e imaginei-o a narrar alguns destes contos.
Em “A Lâmpada de Aladino” encontramos uma compilação de 13 contos, quase todos contados na primeira pessoa.
Ao longo destas aventuras percorremos lugares longínquos, exóticos e bem distintos. Viajamos até ao Egipto, o Chile, o Brasil ou a Alemanha entre outros, sem esquecer a sempre presente Patagónia.
As personagens e os locais criam tal empatia no leitor, que é quase como se os ficassemos a conhecer.
Nutri uma especial simpatia pelo Cachupín 6, - imagine-se! – o espertíssimo cão que figura em “A chama obstinada da sorte”, um dos meus contos preferidos.
De Luis Sepúlveda já tinha lido, há alguns anos, “O Velho que Lia Romances de Amor”, um livro fantástico. “A Lâmpada de Aladino” veio apenas confirmar a minha vontade de melhor conhecer a vasta obra deste exímio contador de histórias.
Para mim, Luis Sepúlveda fica no mesmo trilho que outros autores sul-americanos: Gabriel García Márquez, Isabel Allende, Mario Vargas Llosa, por exemplo.
Provavelmente já tudo foi escrito sobre "Não Matem a Cotovia", de Harper Lee. Escrito, dito e visto, pois é um best-seller que deu filme... apesar disso, ao percorrer as prateleiras lá de casa, apeteceu-me muito lê-lo.
Ainda bem que fui por instinto! É que gostei tanto, mas tanto da leitura, que ficou uma sensação gostosa.
A história passa-se no Alabama, numa pequena e retrógrada cidade dos EUA chamada Maycomb County, nas décadas 30 e 40 do século XX e tem como tema principal o racismo.
Quem a conta é Jean Louise, ou Scout para os mais próximos, uma menina que aos 2 anos perdeu a mãe não guardando recordações dela e vive com o pai, Atticus Finch, o irmão, Jem e a empregada negra, Calpurnia, considerada uma espécie de membro da família.
Através dos olhos, palavras e interpretações inocentes de uma criança, vemos uma sociedade racista, preconceituosa e intolerante mas nela encontramos também exemplos de Homens que, em minoria e com grande determinação e bondade, ajudaram a mudar mentalidades.
Atticus é um advogado branco, bem-formado e pai extremoso. Nesta narrativa desempenha o papel de um desses Homens, já que aceita defender um negro, sabendo, à partida que a causa seria perdida. Nunca, num tribunal daquele Estado, um negro vencera um branco.
Um personagem exemplar, corajoso, íntegro e sensato.
Aconselho qualquer um a ler este livro. Mesmo sendo difícil encontra-lo, vale a pena tentar até conseguir.
Se me coubesse decidir um destino a dar a "Não Matem a Cotovia", de Harper Lee, punha-o numa dessas listas de livros que toda a gente deve ler.
Em jeito de remate e como curiosidade, acrescento que este foi o único trabalho publicado, por esta autora, até hoje.
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite