Quando as leituras anteriores deixam algo a desejar ou o estado de espírito não é dos melhores, agarro-me a Gabriel García Márquez ou Haruki Murakami, com a certeza de não haver desilusão.
Desta vez fui "ao fundo da estante" para desenterrar a 2ª edição de "O Veneno da Madrugada", publicado pela "Colecção Século XX" da Europa-América. Este romance deu a GGM o Grande Prémio do Romance Colombiano e foi já um prelúdio para as grandes obras que se seguiram e que culminaram com "Cem Anos de Solidão", obra-prima que lhe valeu o Nobel da Literatura.
A história de "O Veneno da Madrugada" desenrola-se à volta dos pasquins que misteriosamente são colocados porta a porta, durante a noite e que deixam as pessoas assustadas com o que poderá ser denunciado, já que, à excepção dos muito pobres, ninguém está a salvo das revelações desses malfadados papéis que desencadeiam crimes e muita agitação.
O escritor já menciona Macondo, introduz personagens como o Padre Ángel, o coronel Aureliano Buendía e a Mamã Grande, figuras que o acompanharão nas publicações posteriores, nomeadamente em "Cem Anos de Solidão".
Uma vez mais a criatividade, o apurado sentido de humor, as frases assertivas dos diálogos e a escrita fantástica do génio, não desiludiram.
Numa altura em que a comunicação social anunciou a sua "perda de memória" e consequente paragem na escrita, esta leitura, que nem programada havia sido, acaba por ser uma pequena homenagem ao grande romancista nascido na Colômbia, figura maior do panorama literário do século XX, tábua de salvação quando os títulos a ler não apetecem, porque as férias são precisas ou simplesmente porque não.
55ª exposição internacional de arte
museu nacional soares dos reis
projecto arte de portas abertas
quantas madrugadas tem a noite