Comecei-o durante uma viagem profissional, em meados de Janeiro, num voo até Bruxelas e a narrativa seduziu-me tão depressa que logo nas primeiras páginas fiquei rendida a ela. O apego foi tal que durante essa viagem mal consegui parar de ler. Foi como se, de repente, naquele avião, tudo à minha volta ficasse suspenso, inaudível, invisível e só existisse a incrível história que eu estava a descobrir no momento.
Os dias seguintes foram de trabalho, tão exigente que me deixou cansada e sem tempo nem energia para ler. Ao chegar ao hotel só me apetecia descansar, aproveitando as poucas horas que o despertador me deixaria livres para dormir.
Não obstante, por diversas vezes pensei em "O Sentido do Fim", recordando o que tinha lido e sonhando com a próxima leitura.
Finalmente chegou o momento, no voo de regresso de Bruxelas a Lisboa e o cenário não foi muito diferente do da viagem inversa mas agora já sabia mais sobre Tony, Verónica, Margaret, Adrian, Mr. and Mrs. Ford e outras personagens. Não o suficiente para poder prever o desfecho da história, tão-pouco dos pequenos mistérios criados numa página e revelados duas ou três depois. É uma característica do livro, esta de deixar o leitor em constante dúvida.
Nos escassos e rápidos momentos seguintes à chegada a Lisboa, fui aproveitando quase obstinadamente para continuar a ler e quando o avião parou no aeroporto do Porto, assinalando assim o término da minha leitura desta viagem profissional, faltavam-me cerca de 30 páginas para chegar ao final. Continuava longe de o prever mas com a certeza de que não poderia deixar passar aquele dia sem descobrir tudo o que as últimas páginas teriam para revelar.
Já em casa, no final de um longo dia e de uma exigente semana do trabalho, lá estava eu, amarrada a esta tão cativante história e, desta vez, maravilhada com a genial forma que Julian Barnes utilizou para conseguir completar o puzzle perfeito das interrogações que foram levantadas durante toda a narrativa. Tudo, até ao mais ínfimo detalhe, se encaixou na perfeição. Nada foi precipitado ou forçado.
Foi, sem dúvida, uma excelente surpresa na entrada em 2012, este vencedor do “Man Booker Prize” de 2011.
Um livro pequeno mas muito marcante. Recomendo vivamente.
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