Acabou!!... a ansiedade, o temor, o repúdio, a compaixão (muita!), essa série de sensações desagradáveis que me perseguiram durante a leitura de “A Estrada”, de Cormac McCarthy mas que, apesar disso, não foram suficientemente fortes para me convencerem a desistir.
Foi uma leitura sofrida e dolorosa, porque o livro comporta pormenores sórdidos que rapidamente espero apagar da memória.
Estranhamente prendeu-me até à última página, fui lendo até com alguma sofreguidão, quem sabe se na esperança vã de encontrar algo positivo, apesar da história dificilmente o prever. Mas a escrita era fantástica!
É um livro com algumas dezenas de breves trechos a que o autor não chama capítulos, que retrata a luta diária pela sobrevivência de pai e filho, num mundo em que quase tudo morreu, restando apenas cinzas, destroços e pouco mais que faça valer o esforço constante. Com vida, apenas alguns humanos, uns bons e outros muito maus, canibais que, para sobreviverem, não olham a meios ou a quem. É definitivamente a lei da sobrevivência no seu máximo expoente.
Cormac McCarthy é também autor de "Este País Não é Para Velhos", obra adaptada ao cinema pelos irmãos Coen (vencedor de 4 Oscars, incluindo o de melhor filme) que gostei sinceramente de ver, em 2008.
Já “A Estrada”, também adaptado para cinema, por John Hillcoat, é filme que não tenciono ver... bastou-me a leitura do original para ficar satisfeita, isto é, com a cabeça e o estômago a pedirem coisas mais leves e fáceis de digerir.
Em resumo, um livro cinzento e forte, com uma escrita extraordinária!
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